segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Educação: País paga caro pela repetência

Dez bilhões e seiscentos milhões de reais. Essa é a conta que o país paga pela má qualidade do ensino. Levantamento do Correio/Diario com base em dados do Ministério da Educação (MEC) mostra que esse é o valor que sai dos cofres públicos, a cada ano, para dar conta dos alunos que repetem de série. O cálculo foi feito a partir das estatísticas mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), produzidas em 2005. Naquele ano, os investimentos por aluno na Educação básica ficaram em torno de R$ 1,5 mil. Como mais de 7 milhões de estudantes foram reprovados, o país precisou repetir o gasto feito com eles (R$ 10,6 bilhões) no ano seguinte. O alto índice de repetência Escolar chamou a atenção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Presidência da República. No mês passado, o órgão apresentou a análise dos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que inclui dados da Educação."Nosso sistema (educacional) convive seriamente com uma estrutura de defasagem, o que o torna pouco eficiente. Gastam-se recursos para fazer a mesma coisa. O reflexo não é apenas econômico, mas pedagógico", argumenta o diretor de Assuntos Sociais do Ipea, Jorge Abrahão de Castro. O problema é pior na rede pública, que concentra cerca de 90% das matrículas do ensino básico. O último resultado do Índice do Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente a 2007, mostra que a taxa de aprovação dos alunos da rede pública que freqüentam da 1ª à 4ª séries variou de 78,1% (2ª série) a 83,4% (4ª série). Já nas Escolas particulares, a variação ficou entre 96,5% (1ª série) e 97,4% (2ª série). Nas demais etapas de ensino, a diferença se manteve. Para o sociólogo Jorge Werthein, exdiretor da Unesco no Brasil e atual diretor executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, a repetência é maior na rede pública por causa da qualidade do ensino. "Não conseguimos atingir o mesmo nível de qualidade das Escolas privadas", afirma. O presidente do movimento Todos pela Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Mozart Neves Ramos, concorda. "É preciso pensar em novos currículos, que determinem um valor mínimo de aprendizagem para cada série. O MEC está procurando construir esses currículos, o que é louvável", destaca. (Diário de Pernambuco)

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