quarta-feira, 11 de junho de 2008

Outro olhar

Agora, uma organização que vem de fora do setor de educação -a consultoria McKinsey, que assessora empresas e governos- decidiu que audaciosamente iria ao lugar que raros educadores ousaram visitar e faria recomendações estratégicas com base nas constatações do Pisa.Segundo a empresa (em “How the world’s best performing schools systems come out on top” [como os melhores sistemas escolares do mundo chegam ao topo]), as escolas precisam fazer três coisas: obter os melhores professores, extrair o máximo deles e intervir quando os alunos começam a ficar para trás. Isso talvez não pareça exatamente uma recomendação “sem precedentes” (a definição usada por Andreas Schleicher, diretor de pesquisa educacional da OCDE, para a abordagem da McKinsey): as escolas com certeza já devem agir dessa maneira. Mas a verdade é que não o fazem. Se essas idéias fossem realmente levadas a sério, seria possível mudar a educação radicalmente.O primeiro passo é contratar os melhores. Não resta dúvida de que, como declarou um funcionário do governo sul-coreano, “a qualidade de um sistema educacional não pode superar a qualidade de seus professores”.Estudos feitos no Tennessee e em Dallas mostraram que, se alunos de capacitação média forem entregues a professores que estão entre os 20% mais competentes de sua profissão, terminam se posicionando entre os 10% de estudantes com melhor desempenho; caso os professores que os ensinam venham dos 20% menos competentes, os alunos terminam entre os 10% de pior desempenho.A qualidade dos professores exerce a maior influência sobre o desempenho dos alunos.Mas a maioria dos sistemas escolares não se esforça demais para selecionar os melhores. A Nova Comissão sobre a Capacitação da Força de Trabalho dos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos, diz que as escolas norte-americanas tipicamente recrutam professores que estão no terço mais baixo de desempenho, entre os formandos das universidades.A cidade de Washington recentemente contratou como diretora-geral de suas escolas públicas uma integrante da organização Teach for America, que identifica os melhores formandos e os contrata para lecionar por dois anos. Tanto a indicação da diretora quanto a organização que ela representa geraram grande controvérsia.

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