Creio que os milhares de pessoas que passaram pelo velório da Sala São Paulo para homenageá-la também acham que Ruth era uma mulher de confiança, no mais profundo sentido popular. E todos tinham em comum a admiração por essa mulher, antropóloga de formação e fundadora da Comunidade Solidária pela contingência de ter sido a primeira-dama deste país. Todo mundo em política pensa que a gente agrega fazendo concessões, distribuindo favores, nomeando, dando empréstimos, liberando verbas, dividindo as decisões que só nos pertencem e abrindo os cofres que só pertencem à sociedade inteira. Pois todo mundo se uniu em torno de Ruth Cardoso, em sua morte, exatamente porque ela representava o contrário disso. Todos queriam, ainda que por um momento fugaz, fazer parte desse espaço moral que ela representava com seus princípios. No fundo de cada homem há uma nostalgia da decência, e esse é o caminho mais adequado da composição política. Eis o sentido do luto por Ruth Cardoso. Para nós todos, Ruth foi a intelectual que não se pejava desse privilégio. Atuava na cozinha com esmero quando tinha o pretexto de reunir amigos e comensais. Dava à família o carinho que combina tanto com a compostura. Gostava de quadros bonitos e móveis com bom desenho, mas de nada que exalasse riqueza. Estas palavras são fragmentos do texto de JORGE DA CUNHA LIMA que está publicado na Folha de hoje - 24 de Julho de 2008.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
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