Depois de selecionar pessoal de boa qualidade, a tentação é a de trancá-los nas classes e deixar que eduquem. Por motivos compreensíveis, os professores raramente recebem muito treinamento nas salas de aula em que lecionam (enquanto os médicos, em contraste, treinam muito nos hospitais). Mas os países de maior sucesso no ramo podem fazer muito para superar essa dificuldade.Cingapura provê cem horas de treinamento aos seus professores a cada ano e aponta professores veteranos para supervisionar o desenvolvimento profissional em cada escola. No Japão e na Finlândia, grupos de professores visitam as classes de colegas e planejam aulas juntos. Na Finlândia, professores têm uma tarde de folga semanal com esse objetivo. Em Boston, cidade cujo sistema educacional demonstra um dos melhores ritmos de progresso nos EUA, os cronogramas de aulas são organizados de forma a permitir que os professores das mesmas disciplinas tenham períodos de folga coincidentes, para que possam planejar juntos. Isso ajuda a difundir as melhores idéias.Como apontou um educador, “quando um professor norte-americano brilhante se aposenta, quase todos os planos de aula e práticas que ele desenvolveu também são aposentados. Quando um professor japonês se aposenta, deixa um legado”.Por fim, os países de maior sucesso são singulares não só no que tange às pessoas que contratam para que as coisas saiam bem mas também com relação àquilo que fazem quando as coisas vão mal.Nos últimos anos, quase todos os países começaram a dedicar mais atenção aos processos de avaliação, a mais comum maneira de verificar se os padrões estão em queda. A pesquisa da McKinsey é neutra quanto à utilidade do método, apontando que, embora Boston teste todos os alunos anualmente, a Finlândia em larga medida abriu mão de exames nacionais.De maneira semelhante, escolas na Nova Zelândia e na Inglaterra são testadas a cada três ou quatro anos, e os resultados são divulgados em público, enquanto a Finlândia, líder mundial na educação, não tem processo formal de revisão e mantém sigilo sobre os resultados de suas auditorias informais.Mas existe um padrão quanto ao que os países fazem quando os alunos e as escolas começam a falhar. Os países de melhor desempenho não hesitam em intervir, e o mais cedo possível. A Finlândia dispõe de mais professores de educação especial encarregados de ensinar os alunos retardatários do que qualquer outro país -em certas escolas, chega a ser um professor em cada sete. A cada dado ano, um terço dos alunos recebe educação suplementar em sessões individuais. Cingapura oferece aulas adicionais aos 20% de alunos com desempenho mais fraco, e existe a expectativa de que os professores fiquem na escola depois das aulas -ocasionalmente por horas- a fim de ajudar os alunos. Nada disso é muito complexo. Mas são práticas que contrariam algumas das suposições silenciosas da política educacional. Quando professores, dirigentes de escolas ou até pais são convidados a se expressar sobre a questão, muitas vezes dizem que é impossível obter os melhores professores sem pagar salários altos; que os professores de Cingapura, digamos, têm status elevado devido aos valores confucianos; ou que os estudantes asiáticos são bem comportados e atentos por motivos culturais. As conclusões da McKinsey parecem mais otimistas: obter bons professores depende de como você os seleciona e treina; lecionar pode se tornar uma carreira para os melhores formandos mesmo que não sejam oferecidos salários milionários; e, com as políticas corretas, as escolas e os alunos não estão condenados ao atraso. Tradução de Paulo Migliacci
quarta-feira, 11 de junho de 2008
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